Na última noite em Washington resolvemos jantar naquela que é uma das regiões mais badaladas da cidade. A U Street – berço de Duke Ellington – já havia experimentado dias de glória, mas depois da morte de Martin Luther King foi palco de violentíssimos confrontos entre a polícia e a comunidade negra. Acabou caindo em desgraça e viu as famílias e o comércio procurarem freguesias mais seguras. Mas o tempo cura inclusive as feridas urbanas e a década de 90 trouxe o renascer da U Street.
Hoje a rua é salpicada de simpáticos restaurantes e bares, todos com a mesma aparência confortável e cardápio semelhante. Um inferno para os indecisos. Apesar do horário da vida noturna de Washington ser flexível, o frio não é amigo das baratas tontas. Felizmente, enquanto olhávamos o cardápio do Jojo’s, um sujeito vaticinou: “Este é o melhor lugar. Se vocês não gostarem eu pago a conta”. Ora, nada melhor do que uma noitada com hedge.
De fora tive a impressão que fosse uma casa frequentada apenas por negros. Na minha cabeça brasileira, orgulhoso do nosso suposto cadinho de raças, americano adora uma discriminação: branco só anda com branco, preto com preto, amarelo com amarelo. Como fomos convidados, entramos. Qual não foi minha surpresa ao ver um público etnicamente eclético. Na mesa ao lado um branco, um negro e um sikh - com seu indefectível turbante - dividiam uma garrafa de uísque. O mais curioso foi que, quando a banda começou a tocar, as moçoilas caucasianas eram as mais entusiasmadas, dando gritinhos e dançando sensualmente no minúsculo salão, enquanto as afro-americanas pareciam tomar chá com a rainha.
Paguei a conta. Fazer o que?
4 comentários:
Nada melhor do que comer bem, escutar boa música e ver pessoas diferentes convivendo pacíficamente.
adorei a foto! saudades...Rê
voce esta bastante animado e divertido como sempre!
beijo, mami
Pois é, Rê. Estou fazendo um intensivão em fotografia. Gaston que se cuide!
Obrigado, Mama! Bom humor sempre, esta é a mensagem!
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