Enfim, Connecticut. O “Estado da Constituição”. Todo estado americano ganha um apelido, quer dizer, não é bem um apelido. Parece mais um sub-título, assim como fazem com os livros por aqui. Não basta só o nome, precisam de explicação para não deixar dúvidas: “Bíblia Sagrada: uma saga judaico-cristã”. Os sub-títulos dos estados constam nas placas dos automóveis. Nova York, por exemplo é o Estado Imperial (que serviu de inspiração para batizar seu edifício mais importante); Rhode Island é o Estado Oceânico, manobra de marketing turístico para atrair marujos e similares. Já a alcunha de Connectitut diz respeito à sua constituição, elaborada em 1638, considerado por alguns como a primeira da história mundial. Pioneirismo é coisa levada muito a sério nos EUA. Se o lugar foi o primeiro em alguma coisa, faz questão de divulgar, de preferência através de um grande outdoor na sua fronteira: “Bem vindo a Fimdomundoville, terra do primeiro aspirador de pó portátil”. Ah, vale lembrar que Connecticut, além da primeira constituição, produziu também o primeiro charuto, pente de cabelo, chapéu e palito de fósforo da América. Como se pode ver, a disputa pelo apelido oficial foi acirrada.
Com os cabelos ao vento e charuto apagado, entramos em Connecticut. Paramos em Mystic para almoçar e tomar uma cerveja decente. Na ida já havia flertado com a cidadezinha, por dois motivos: primeiro a ponte levadiça que passa sobre a entrada de seu pequeno porto. Pontes assim são feitos de engenharia irresistíveis, assim como elevadores panorâmicos e tobogãs. Quando começam a se abrir, evocam perseguições cinematográficas e despertam o Evil Knievel que existe em cada um.
O segundo motivo era seu próprio nome. Há pouco falei de Nova York, Texas, que pode ser um destino irrelevante, mas o nome faz de seus cidadãos novairoquinos legítimos – o que não é pouco. Mystic, por sua vez, afunda a cidade em brumas densas e permanentes, provoca desaparecimentos misteriosos e inocula seus habitantes com segredos indizíveis. Parece saída de um conto de Poe, ou de H.P. Lovecraft: “Anoiteceu. De repente, um grito terrível corta a escuridão . E das trevas surgia uma outra Mystic...”
Sinistro. Mas ainda estava claro e precisávamos almoçar. Diria até que o almoço era fundamental, já nos encaminhávamos para a casa dos Waldmans. Phyllis sempre foi acolhedora, hospitaleira, recebendo com toalhas limpas e cobertores felpudos. Mas o que saía de sua cozinha...valha-me São Lourenço! Aquela comida, se servida no exército arrasaria com a moral das tropas; num presídio, seria motivo de rebeliões. Quando ela fazia hambúrguer eu tentava dar escondido para o gato, mas ele recusava. Pegou até raiva de mim, o bichano. E o pior é que os hamburgueres eram sua piéce de resistance. Eles são um dos poucos pesadelos recorrentes que tenho.
Com os cabelos ao vento e charuto apagado, entramos em Connecticut. Paramos em Mystic para almoçar e tomar uma cerveja decente. Na ida já havia flertado com a cidadezinha, por dois motivos: primeiro a ponte levadiça que passa sobre a entrada de seu pequeno porto. Pontes assim são feitos de engenharia irresistíveis, assim como elevadores panorâmicos e tobogãs. Quando começam a se abrir, evocam perseguições cinematográficas e despertam o Evil Knievel que existe em cada um.
O segundo motivo era seu próprio nome. Há pouco falei de Nova York, Texas, que pode ser um destino irrelevante, mas o nome faz de seus cidadãos novairoquinos legítimos – o que não é pouco. Mystic, por sua vez, afunda a cidade em brumas densas e permanentes, provoca desaparecimentos misteriosos e inocula seus habitantes com segredos indizíveis. Parece saída de um conto de Poe, ou de H.P. Lovecraft: “Anoiteceu. De repente, um grito terrível corta a escuridão . E das trevas surgia uma outra Mystic...”
Sinistro. Mas ainda estava claro e precisávamos almoçar. Diria até que o almoço era fundamental, já nos encaminhávamos para a casa dos Waldmans. Phyllis sempre foi acolhedora, hospitaleira, recebendo com toalhas limpas e cobertores felpudos. Mas o que saía de sua cozinha...valha-me São Lourenço! Aquela comida, se servida no exército arrasaria com a moral das tropas; num presídio, seria motivo de rebeliões. Quando ela fazia hambúrguer eu tentava dar escondido para o gato, mas ele recusava. Pegou até raiva de mim, o bichano. E o pior é que os hamburgueres eram sua piéce de resistance. Eles são um dos poucos pesadelos recorrentes que tenho.
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