Portland era a próxima parada. Portland, Connecticut. É preciso ser específico já que a Portland mais famosa fica no Oregon, do outro lado do país. E além destas duas ainda existem outras onze. Treze Portlands! Os imigrantes realmente não acreditavam que aquelas colônias iriam fazer todas parte de um único país. Batizavam as cidades sem se preocupar com o que se fazia na vizinhança. Surgiram então Pleasantvilles por todos os lados, Glendales aos borbotões e Riversides brotaram à beira dos rios como mato. A campeã é Springfield, com 25 exemplares (Por isso os autores d’Os Simpsons elegeram-na como cidade natal de Homer e família. Como pode ser em qualquer lugar, ninguém se sente ofendido - ou orgulhoso - pela conterraneidade).
Ninguém escapa. Phildelphia, que eu imaginava uma só, são dez. Também são dez as Bostons. Em geral os nomes são homenagem à terra natal, deixada no Velho Continente: York, Hampshire, Oxford, Cambridge. Alguns casos são de admiração por cidades prósperas, como Paris, Illinois, ou mesmo um desejo de exotismo tropical, como Brazil, Indiana. Outros nomes se repetem por que são funcionais, como Portland. A Terra do Porto, simples assim. No Brasil os portos são alegres, velhos, felizes e seguros. Lá são só portos.
Em certos casos a homonimía é o maior patrimônio da cidade. Que os digam os vinte habitantes da pequenina Nova York, Texas. Novaiorquinos puros, legítimos!
Mas era de Portland que eu falava. Aquela de Connecticut me interessava em especial porque vivi lá nos meus tenros quinze anos, numa espécie de intercâmbio intra-familiar. Morei por seis meses na casa d’uns primos de terceiro, quarto grau. Na época, um dos três filhos do casal, Stuart, ainda morava em casa. Hoje só os pais continuam na cidade. A filharada se espalhou pelo país e em breve a netalhada fará o mesmo. Os americanos são um povo com bicho-carpinteiro. Não sossegam o facho. Terminam o segundo grau e vão fazer faculdade longe de casa; formam-se e arrumam emprego n’outra cidade; aposentam-se, vendem a casa, compram um trailer e finalmente deixam de ter residência fixa.
Meus tios (prefiro chamar assim, primo mais velho é tio) não venderam a casa nem compraram um trailler, o que não significa que fiquem em casa quietinhos, assistindo TV e aguardando telefonema dos filhos. Vivem para cima e para baixo, indo a concertos de música, visitando parques nacionais ou simplesmente conhecendo novas cidades. Ao contrário dos velhos brasileiros que só saem do quartinho dos fundos em datas especiais, junto com o faqueiro de prata, e os albuns de fotografia, os americanos têm uma agenda atribuladíssima. Tanto que nos 3 dias que se seguiram à nossa partida de White Plains, os Waldmans (nome dos primos/tios) não poderiam nos receber por conta dos seus compromissos sócio-culturais.
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