É óbvio que não resistimos. Numa tarde pegamos o trem e fomos até Nova York. Chegar tão perto e não ir seria despeito. E em algum momento, quando estivéssemos no meio do nada, ia bater um certo arrependimento.
Era domingo de Páscoa e a cidade estava abarrotada. Tinha gente escorrendo pelas paredes. Nas esquinas pequenas multidões se formavam, como se houvesse algum acidente ou pessoa atropelada, mas eram apenas pedestres esperando o sinal fechar. E brasileiros, muitos brasileiros.
Nas lojas as pessoas saíam pelo ladrão e o ladrão, se quisesse, nem conseguiria entrar. Uma das poucas tranquilas era uma tabacaria, Nat Sherman, na 5ª Avenida. Lá dentro os atendentes, todos num azedume de deixar francês no chinelo, destratavam clientes e reclamavam da música que vinha do andar de cima. Parecia que eles haviam pego o pianista da loja para cristo. A música era daquelas que tocam nos saloons dos filmes de faroeste. Tirando uns e outros deslizes, estava até divertido e o estilo estava bem de acordo com o estilo da decoração interior da loja.
O sujeito acima não parava de tocar e eles, abaixo, não paravam de fazer comentários depreciativos em alto e bom som. Eis que o pianista para, desce e vai embora, para o regozijo dos funcionários. Não resisti e segui o homem, que parou na esquina para ser consolado por uma mulher.
- “O senhor trabalha na loja?” Perguntei, preocupado
- “Não.”
- “É um cliente assíduo?”
- “Não. Entrei para dar uma olhada, vi o piano e sentei para tocar. Até a hora que não aguentei mais ser ofendido.” – explicou, com a voz embargada.
Estavam todos – os vendedores e o tocador de piano - de acordo com a Primeira Emenda, aquela que garante liberdade de expressão. E fazendo jus ao ditado “quem toca o que quer, escuta o que não quer.”
- “Eu estava gostando. O senhor toca bem.” Tentei consolá-lo
Ele, com o rosto iluminado agradeceu como se eu fosse a platéia do Carnegie Hall.
Era domingo de Páscoa e a cidade estava abarrotada. Tinha gente escorrendo pelas paredes. Nas esquinas pequenas multidões se formavam, como se houvesse algum acidente ou pessoa atropelada, mas eram apenas pedestres esperando o sinal fechar. E brasileiros, muitos brasileiros.
Nas lojas as pessoas saíam pelo ladrão e o ladrão, se quisesse, nem conseguiria entrar. Uma das poucas tranquilas era uma tabacaria, Nat Sherman, na 5ª Avenida. Lá dentro os atendentes, todos num azedume de deixar francês no chinelo, destratavam clientes e reclamavam da música que vinha do andar de cima. Parecia que eles haviam pego o pianista da loja para cristo. A música era daquelas que tocam nos saloons dos filmes de faroeste. Tirando uns e outros deslizes, estava até divertido e o estilo estava bem de acordo com o estilo da decoração interior da loja.
O sujeito acima não parava de tocar e eles, abaixo, não paravam de fazer comentários depreciativos em alto e bom som. Eis que o pianista para, desce e vai embora, para o regozijo dos funcionários. Não resisti e segui o homem, que parou na esquina para ser consolado por uma mulher.
- “O senhor trabalha na loja?” Perguntei, preocupado
- “Não.”
- “É um cliente assíduo?”
- “Não. Entrei para dar uma olhada, vi o piano e sentei para tocar. Até a hora que não aguentei mais ser ofendido.” – explicou, com a voz embargada.
Estavam todos – os vendedores e o tocador de piano - de acordo com a Primeira Emenda, aquela que garante liberdade de expressão. E fazendo jus ao ditado “quem toca o que quer, escuta o que não quer.”
- “Eu estava gostando. O senhor toca bem.” Tentei consolá-lo
Ele, com o rosto iluminado agradeceu como se eu fosse a platéia do Carnegie Hall.
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