terça-feira, 24 de março de 2009

Garçom! Uma Gansett, faixfavoire.

Antes de partir definitivamente de Rhode Island precisei satisfazer uma curiosidade. Tenho uma coleção de rótulos de cerveja, muitas que deixaram de ser fabricadas. Uma delas é a Narragansett, que fechou suas portas em 1981. No entanto a América vive um revival e cervejas andam ressucitando como Lázaros engarrafados, país afora. Inclusive a “Gansett” como é carinhosamente chamada.


Ela já foi a cerveja mais popular da Nova Inglaterra. Teve participação especial no filme Tubarão (era a marca que Quint, o caçador de tubarões, bebia). Diz a lenda que na sua fábrica os funcionários não só podiam beber durante o expediente como, quando flagrados com uma garrafa de refrigerante, recebiam automaticamente uma cerveja em troca. Quer dizer, motivos não faltavam para simpatizar com a marca. E, por uma incrível coincidência do destino, a cidade de Narragansett fica em frente à Newport, do outro lado da baía.


Com essa história comovente, convenci Cássia a desviarmos de nosso caminho e perder algumas horas. Eu tinha um dever, uma responsabilidade histórica e moral de ir até Narragansett, tomar uma Narragansett. Tudo bem que a história não era completamente verdade, a cerveja nunca deixou de ser produzida. Passou sim uma longa temporada sendo fabricada por outra empresa em outro lugar. Apenas detalhes, detalhes.


Chegamos em Narragansett debaixo de forte chuva e um frio cão. Parei num posto de gasolina e comprei uma garrafa do cobiçado suco de cevada. Fomos até o a praia onde o inclemente Atlântico Norte castigava com ondas as pedras e as muretas de proteção. A pequenina cidade parecia se esconder da tempestade furiosa. O vento uivava pelas frestas do carro. Coloquei a capa de chuva, saí com minha garrafa de Narragansett Lager. Ainda gelada. O vento era tão feroz que mal deu para ouvir o barulho do gás quando girei a tampa. Dei, enfim, o primeiro gole.

Que cervejinha de merda!



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